O gabinete das Nações Unidas para os Direitos Humanos expressou hoje um "profundo choque" com a morte de pelo menos 45 pessoas em operações policiais no Brasil na última semana e pediu a investigação de possíveis abusos
Os números no estado de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia revelam "uma das semanas mais sangrentas dos últimos anos" no Brasil, onde a polícia lançou várias operações nos últimos dias para, supostamente, combater o tráfico de droga e o crime organizado em diferentes cidades do país, disse a porta-voz do gabinete, Marta Hurtado, num comunicado.
As mortes "seguem-se a casos de violência policial e supostas execuções extrajudiciais nos últimos anos, em circunstâncias que nunca foram totalmente esclarecidas e pelas quais os responsáveis não foram responsabilizados", acrescentou a porta-voz.
Hurtado destacou que as mortes em operações policiais diminuíram nos últimos anos no Brasil, mas ao mesmo tempo "aumentaram as mortes de afrodescendentes às mãos da polícia".
"Os novos casos reforçam a necessidade urgente de desenvolver e implementar políticas e práticas adequadas para evitar violações dos direitos humanos durante as operações policiais", acrescentou.
A porta-voz do gabinete chefiado pelo alto-comissário Volker Türk pediu para as autoridades brasileiras que efetuem investigações independentes, exaustivas e imparciais sobre todos estes assassinatos, "em conformidade com as normas internacionais em matéria de direitos humanos".
"Lembramos também às autoridades brasileiras que a força só deve ser usada quando estritamente necessária e em conformidade com os princípios da legalidade, precaução e proporcionalidade", concluiu o comunicado do escritório da ONU.