O julgamento aconteceu na 4ª Auditoria Militar do TJM, em São Paulo, na última quinta-feira (26).
FRANCISCO LIMA NETO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O sargento da Polícia Militar Claudio Henrique Frare Gouveia, 53, que matou dois colegas com tiros de fuzil no prédio da 3ª Companhia do 50º BPMI (Batalhão de Polícia Militar do Interior), em Salto, no interior de São Paulo, foi condenado por duplo homicídio a 45 anos de prisão em regime fechado, segundo o TJM (Tribunal de Justiça Militar) do Estado de São Paulo. Cabe recurso.
O julgamento aconteceu na 4ª Auditoria Militar do TJM, em São Paulo, na última quinta-feira (26).
A sessão, presidida pelo juiz José Álvaro machado Marques, começou às 14:15 e terminou às 17:40.
O réu depôs através de videoconferência no presídio militar Romão Gomes.
O advogado Rogério Augusto Dini Duarte, que representa o sargento, afirmou que vai recorrer da decisão, pois a condenação foi "contrária às provas nos autos". Segundo o defensor, Gouveia agiu em legítima defesa.
Os crimes ocorrerem em 15 de maio. Em junho, ele tornou-se réu e passou a responder por dois homicídios duplamente qualificados –motivo fútil e uso de recurso que impossibilitou a defesa das vítimas.
O PM se entregou logo após cometer o crime e está detido no Presídio Militar Romão Gomes, em São Paulo.
De acordo com a Promotoria, o crime foi motivado por divergências a respeito da escala de trabalho.
Declarações de Gouveia foram registradas em vídeo gravado logo após o crime, com o PM já algemado. As imagens foram divulgadas pelo Fantástico, da TV Globo, no dia 21 de maio.
"Não aguento mais. Não estou dormindo. Meu casamento acabou", diz Gouveia no vídeo. "Ele não devia ter destruído a minha vida, ele destruiu a minha vida. Então é isso aí, elas por elas. Esse é o motivo pelo qual aconteceu. Porque em nenhum momento ele voltou atrás e ninguém transferiu esse cara daqui. Então, eu não tenho o que fazer. Acabou. Se alguém quiser ouvir é isso aí, esse é o depoimento, tá bom? Muito obrigado."
Segundo os autos, nove tiros de fuzil foram disparados contra uma das vítimas, enquanto a outra foi atingida por quatro tiros.
O capitão Josias Justi da Conceição Junior, 39, comandava a base da PM em Salto. Ele deixou a esposa e dois filhos, uma menina de 5 anos e um menino de 3. De acordo com o Batalhão, o capitão estava na corporação havia 18 anos.
O 2º sargento Roberto Aparecido da Silva, 52, deixou a esposa, e três filhos de 29, 18 e 15 anos. Segundo o Batalhão, o sargento estava na PM havia 21 anos.
Antes do episódio, Gouveia era conhecido por seu comportamento gentil. Ele também costumava jogar hóquei e era instrutor de patinação.